terça-feira, 18 de setembro de 2007

40 anos da Psicodelia.. 40 anos de Monterey




O conceito de megafestival de rock nasceu há exatos 40 anos, na Califórnia, sob as bênçãos da contracultura, mas com a complacência do então chamado ''sistema''. A cidade de Monterey, a 160 quilômetros de San Francisco, hospedou, de 16 a 18 de junho de 1967, o ''pai'' de todos os outros festivais, de Woodstock aos atuais. A exemplo do Live Aid embora em escala bem menor, Monterey foi beneficente. À exceção do citarista indiano Ravi Shankar, nenhum dos outros 31 artistas ou bandas recebeu um tostão. E o sucesso do festival serviu para mostrar às grandes gravadoras a viabilidade comercial daquele tipo de música. Foi um garimpo muito lucrativo especialmente no caso de Janis Joplin e Jimi Hendrix, que fizeram seu debut no festival e logo após ganharam o mundo.

O público estimado nos três dias do evento, filmado pelo cineasta D.A. Pennebaker, foi de 200 mil pessoas oito vezes a população da cidade, cerca de 26 mil pessoas. Apesar disso, e ao contrário do que aconteceria em Woodstock dois anos depois, os participantes se lembram do evento como bem organizado, com comida e bebida suficientes e boas acomodações.

O lucro, de US$ 200 mil, foi destinado pela fundação criada para o festival, e existente até hoje, a várias instituições beneficentes.Equilíbrio Monterey parecia conter todo tipo de paradoxo. Só nele foi possível testemunhar policiais braços do ''sistema' com flores enfeitando capacetes e motocicletas.Também só nele o público atraído por ''San Francisco'' hino oficioso do festival, cantado por Scott McKenzie, que pedia que a platéia usasse flores nos cabelos pôde ver Hendrix pondo fogo no palco ao final de seu show. Flores?
Por fim, só ele equilibrou essas contradições. A ruptura viria em 1969, em Altamont, na mesma Califórnia, na ponta das facas dos Hell's Angels que mataram um espectador do show dos Rolling Stones. A máquina de fazer dinheiro, porém, está ativa até hoje.Monterey lançou ao estrelato dois músicos absolutamente desconhecidos que, para o bem ou para o mal, se tornariam símbolos daquela geração.
Um deles foi a texana Janis Joplin, obscura vocalista do obscuro grupo Big Brother and the Holding Company, que surpreendeu o público com sua interpretação do blues ''Ball and Chain''. Janis saiu do festival para um contrato com a Columbia, na qual gravaria ''Cheap Thrills'' e colocaria as coisas nas suas devidas dimensões: o Big Brother virou apenas a banda que a acompanhava (e seria descartada logo depois).
Outro foi o guitarrista canhoto James Marshall Hendrix nascido em Seattle, mas, até então, estrangeiro nos Estados Unidos, já que iniciara carreira em Londres. Jimi Hendrix chegou a Monterey a bordo de recomendações entusiásticas do beatle Paul McCartney e de Andrew Loog Oldham, empresário dos Rolling Stones. Não decepcionou. Seu trio, o Experience, abriu o show com uma versão furiosa de ''Killing Floor'', do bluesman Howlin' Wolf. Prosseguiu com outra, ''Like a Rolling Stone'', do ausente Bob Dylan. Terminou com sua resposta ao quebra-quebra do The Who, que tocara antes, pondo fogo na guitarra ao final de ''Wild Thing'' sucesso dos Troggs, executado com mais lentidão e muito mais peso. Foi o que bastou para entrar anônimo e sair mito.
Na verdade, ele apenas não esteve fisicamente presente no festival, uma vez que Jimi Hendrix e os Byrds o ''homenagearam'' tocando covers suas.''Gostaria de ter tocado 'Like a Rolling Stone' em Monterey com ele, mas infelizmente não pude'', afirmou Jimi Hendrix.
Durante o show de Jimi Hendrix, John Phillips, organizador do festival, teve de distrair o chefe dos bombeiros de Monterey para que ele não visse o músico incendiando sua guitarra.

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